Lotário de Segni tinha tudo para ser um homem do
mundo, já que não lhe faltavam riqueza e influência. Todavia fizeram-no cardeal
e aos trinta e seis anos foi Papa. Foi com ele que a Igreja se tornou dona do
mundo ocidental e ele o representante de Cristo na Terra, fazendo os donos do
mundo ajoelhar-se aos seus pés. Apurou a cristandade, limpando-a dos Cátaros à
força da espada, perseguindo os judeus, organizando a IV cruzada para ir limpar
a Terra Santa, mas que, pelo caminho, limpou Constantinopla, julgando-se que, assim, se
acabaria com a igreja grega ortodoxa. Domingos de Gusmão foi por ele abençoado,
embora a sua ordem assassina só fosse aprovada depois da morte deste Papa, ao
contrário dos franciscanos. Organizou o 4.º concílio de Latrão que haveria de dogmatizar
a igreja com as regras que mais a caracterizaram até à idade das luzes. Gerardo
Laveaga “pinta-nos” um Inocêncio, longe daquela ideia generalizada de que se
tratou de um homem santo, inteligente e com espírito de humor apurado. Ao mesmo
tempo deixa-nos um bom relato da história da Europa do fim do século XII e
princípios do século XII.