Sempre ao terceiro
Sábado de cada mês, pelas 17 horas, no nº 50 do Largo dos Lóios, da cidade do
Porto, dezenas de poetas juntam-se à volta de um cálice de vinho do Porto, numa
tertúlia onde se dizem poemas de todas as eras, alguns dos próprios declamadores.
Basta para tanto aparecerem, inscreverem-se à entrada da galeria de arte onde
isto acontece, e aguardarem pela sua vez de intervir. Não há classes ou
hierarquias seja de que género for. Gente de poucas letras intervém ao lado de
licenciados, sem que isso cause qualquer intimidação ou atente contra a sã
convivência que tem caracterizado estes eventos, que já duram há vários anos e já deram aos escaparates duas colectâneas de poesia.
sábado, 27 de julho de 2013
Cromwell
Agora que apareceu a
edição portuguesa de “O livro Negro” de Hilary Maniel, vencedor do “Man Booker
Prize 2012”, é tempo de recordar o “Wolf Hall”, também da mesma autora, também
ele galardoado com o “Man Booker Prize”, sendo coisa rara a atribuição deste
prestigiado prémio duas vezes ao mesmo autor. A Inglaterra do século XVI, com
Cromwell a afirmar a sua influência e a implantar as suas reformas perante o
parlamento inoperante e Henrique VIII enleado nas suas paixões, são o âmago
destes dois livros.
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quarta-feira, 24 de julho de 2013
INFERNO
Malthus, no séclo XVIII, alertava para a “praga biológica” que resultaria da subida da taxa de natalidade
e da descida da taxa de mortalidade. Que fazer? Porque alguma coisa há-de ser
feita uma vez que “os lugares mais
tenebrosos do Inferno estão reservados àqueles que mantêm a neutralidade em
tempos de crise moral”. Castrar a raça humana? Dan Brown, no seu “Inferno”,
não muito dissociado d’ “A Divina Comédia” de Dante, dá-nos a resposta, ao fim
de 104 capítulos e um epílogo, depois de nos ciceronar por Florença, Veneza e
Istambul e da descida aos infernos, como a descreveu Dante no século XIV.
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sexta-feira, 19 de julho de 2013
A TRANQUILIDADE DE IRENE PISSARRO NA GALERIA VIEIRA PORTUENSE
“Tranquilidade” é a
designação que Irene Pissarro encontrou para a exposição que tem patente na
Galeria Vieira Portuense. Esta poetisa da cor usa os pontos, as linhas e as
cores para deixar na tela as suas emoções, como o fazem os poetas com o
alfabeto. São aqueles os seus meios de escrita e o resultado são as largas manchas
que vemos na sua exposição, ora a caminho do abstracto ora a caminho do
figurativo, mas sempre num tom poético e feminino, o que dá um encanto especial
às suas obras.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
“O Segredo de Compostela”
A Agostinho da Silva
apetecia-lhe ser e proclamar tudo o que imaginava ser a doutrina de
Prisciliano. Com efeito o priscilianismo perdurou de tal modo e durante tanto
tempo na Galiza, que vários foram os concílios que elegiam para sua ordem de
trabalhos essa doutrina que, então, condenavam, mas agora é aplaudida pelo
comum dos mortais. Neste tempo de descanso, outro romance que anda por aí e
apetece ler é o do presidente da Câmara de
Penafiel, Dr. Alberto S. Santos, sobre o santo herege da Galiza que nos deixa um excelente enredo com
muita informação sobre os primórdios do cristianismo, no século quarto, tempo
dos primeiros doutores da Igreja e das agonias do império romano. “O Segredo de
Compostela” não podia ser outro se não o do embuste que nos põe a rezar a
Santiago, frente aos ossos de Prisciliano na maior catedral da Galiza.
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terça-feira, 16 de julho de 2013
A MARCA DO SANTO HEREGE
Porque
este é o mês de Santiago e é tempo de literatura leveira que se possa ler à
beira-mar ou à sombra de uma árvore frondosa, recordo “A Marca do herege” de
Susana Fortes.
O
herege é Prisciliano que Buñuel coloca no centro do seu “Via Láctea” e muitos
historiadores referem na história do cristianismo ibérico, com nota gnóstica e
celta, que morreu às mãos do dogma niceno e estará sepultado na cripta da
catedral de Compostela disfarçado de Tiago, apóstolo.
Susana
Fortes é uma galega, licenciada em História e Geografia, hoje a viver em
Valência, autora de várias obras, entre as quais se conta este thriller interessantíssimo, que decorre
nas incríveis ruas do casco viejo da
cidade de Santiago de Compostela.
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segunda-feira, 15 de julho de 2013
S. PRISCILIANO MATAMOUROS
Unamuno disse um dia:
"No me puedo imaginar por un
momento que un católico medianamente
cultivado pueda creer que las reliquias de Compostela son las de
Santiago. Todo el mundo sabe que pertenecen a Prisciliano." Eu também
não. O apóstolo Tiago foi morto na Judeia, no ano 44 da nossa Era. Dizem muitos
que os seus discípulos o mandaram para Espanha numa barca de pedra que aportou
na actual Padron. Só que as crónicas são omissas até que, em 814, o eremita
Pelaio descobre uns ossos que lhe aponta uma estrela e que a clarividência divina declara serem os do Santo. Todavia
muitos são os autores que dizem que é mais certo não estar sepultado em Compostela o Santo Apóstolo. Por todos, Duchesne, em 1900.
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domingo, 14 de julho de 2013
A MENINA DA PRAÇA
Henrique
Moreira quis festejar a “Juventude” esculturando-a em mármore. Mas para o povo
da cidade passou a ser a “menina da Praça” ignorando aquela designação que o
Mestre avintense lhe determinara. Está ali, no topo dos Aliados, há dezenas de
anos, a dar nota da eterna juventude desta cidade que não se acadima aos
destinos aziagos que ora a querem ensombrar!
LIVROS NA PRAÇA DA LIBERDADE
Aqui há tempos lia-se no “JN”: «Mais de 80 anos depois da primeira edição, em 1930, a Feira do Livro do Porto enfrenta a maior crise da sua história. A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) prepara-se para anunciar o cancelamento da próxima edição, que deveria realizar-se no início de junho, alegando não estarem reunidas as condições financeiras necessárias para o efeito. Na origem do problema está a recusa da Câmara do Porto em renovar o protocolo de quatro anos, que expirou em 2012, ao abrigo do qual a organização recebia 75 mil euros, apoio logístico e isenção das taxas camarárias.».
Foi
mais um tiro na tradição portuense, que vai morrendo se novo edil, com outra
sensibilidade, não vier tomar as rédeas do poder da cidade.
Todavia,
hoje, a Praça da Liberdade e a Avenida dos Aliados, animam-se com livros e os
portuenses não deixaram de responder à chamada. Também eu, depois de um
cimbalino na esplanada do Guarani, dei por ali uma volta só para ver o
ambiente, já que estou fidelizado a algumas livrarias que me fazem descontos
especiais. Porém, o apelo dos livros não impediu que me habilitasse com duas
sacadas de títulos que me seduziram. Como a tantos outros chamados pelo evento.
E seria assim que se ressuscitaria a cidade se houvesse mais incentivos e menos
obstruções à vida no velho Porto!
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sábado, 13 de julho de 2013
A Visita da Velha Senhora
O fim-de-semana é sempre bem-vindo para recobro das energias. Todavia este está cheio de nuvens negras. Por cá ninguém se entende e a “troika” só vem com os milhões lá para o Outono. Mas parece que só deixará os milhões se os nossos “maiores” mandarem para a desgraça mais umas dezenas de milhar de desprotegidos e para a desesperança uma nação inteira, lançando para o Limbo os princípios e regras da democracia.
Claro que os nossos
políticos não aceitam qualquer atropelo aos direitos das gentes portuguesas,
mas como o dinheiro lhes faltará na “manjedoura” a breve prazo, já se fala por
aí em suspensão da democracia, como a quis, fatalmente, ensaiar D. Carlos,
pretendendo o Presidente da República um “arranjo” ao arrepio do que está
arranjado no Parlamento por vontade do povo.
Este triste enleio
levou-me ao Teatro Nacional de S. João, que os do Porto ergueram para festejar
João VI e por onde andou o pincel do, por mim admirado, Acácio Lino de
Amarante, no dealbar do séc. XX, depois do incêndio.
Subia à cena “A
Visita da Velha Senhora”, de Dürrenmatt, que eu li nos meus 18 anos, quando
Marcelo Caetano ensaiava a sua primavera e nos veio o melhor do teatro europeu –
Brecht, Anouilh, Beckett, etc..
Lembrava-me bem do
enredo: uma cidadezinha falida, uma velha senhora, riquíssima filha da terra, e a
promessa de um milhão se matassem o merceeiro. Toda a gente repudiou o negócio,
mas ninguém deixou de ir gastando por conta do milhão que aí viria.
A peça tem encenação
de Nuno Cardoso que, em cena, foi deixando correr a velha história: ninguém
aceitava o hediondo crime, mas como toda a gente já vinha a viver “à grande e à
francesa” por conta dos dinheiros prometidos, outro jeito não houve se não o de
alargar as consciências e perpetrar o crime exigido, como quem cumpre uma
obrigação devida à comunidade.
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quinta-feira, 11 de julho de 2013
“Glória” de Vasco Pulido Valente
Viu a luz do dia há
quase um ano. “Glória”, de Vasco Pulido Valente, é um bom livro de história da
segunda metade do século XIX, que se lê com agrado. O autor parte do crime de
Vieira de Castro, que, com sangue frio e premeditação, assassina a mulher, que julga
adúltera, e avança na descrição da vida do assassino que torna fio condutor dos
principais acontecimentos da segunda metade do século XIX português, com
especial destaque para a história de Camilo Castelo Branco, amigo ácido de
Vieira de Castro. É um livro de história, sem os cânones rígidos do positivismo,
que se lê bem, no intervalo das crónicas que Pulido Valente assina na última
página do “Público”.
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domingo, 7 de julho de 2013
A PRIMEIRA TARDE PORTUGUESA
Acácio Lino
Os “adoradores da Luz”
comemoram a 24 de Junho o seu esplendor, por ser este o dia maior do ano. Por
isso escolhiam esta data para a prática dos grandes actos acreditando terem a
protecção cósmica garantida ao assim procederem. Não há ciência certa que
justifique a razão porque Afonso Henriques resolveu, no Campo da Ataca, em Guimarães,
dar batalha às tropas de Fernão Peres de Trava nesse dia 24 de Junho de 1128,
ano em que, no concílio de Troyes, se confirma a Regra que Bernardo de Claraval
redigiu para os Templários. O que se sabe é que nessa tarde gloriosa de 24 de
Junho de 1128, Afonso Henriques e outros cavaleiros, traçaram a golpe de espada
a Independência de Portugal, como tão bem interpretou na tela o pintor
amarantino, Acácio Lino.
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MADRUGADA SÓRDIDA
De resto, gosto de
ler Miguel Sousa Tavares. E nesta obra revejo parte do meu tempo, já que foi no
Alentejo que fiz o serviço militar obrigatório, em pleno PREC. Isto é, pelos
montes alentejanos em campanhas de “alfabetização”, a acompanhar os trabalhadores
na ocupação de herdades e mais tarde, nos tempos de desencanto, em que António
Barreto ministrava a agricultura, cheguei a comandar o pelotão que restituiu a
primeira herdade ao agrário seu dono.
sábado, 6 de julho de 2013
"O RETRATO DA MÃE DE HITLER" e a canícula
Agora que a canícula aperta, vem a calhar a praia e um bom livro, leve e útil, como são os romances de Domingos Amaral.
O retrato não passa de um pequeno objecto no bolso de um nazi em fuga. O resto é um emaranhado de situações fictícias que deixam à mostra os tempos reais da Lisboa de 45, com os nazis a passarem para a América Latina, os serviços secretos estrangeiros a desmobilizarem e uma história de amor com pimenta, como as gosta de contar Domingos Amaral. É através desta história que o autor mostra Salazar a reorganizar o seu país de pesadelo, perante a indiferença dos Aliados, o desespero dos oposicionistas e o rumo à estranja dos que o podem fazer.. Lisboa era mais animada "Enquanto Salazar Dormia", mas a ordem das leituras é arbitrária.
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