O fim-de-semana é sempre bem-vindo para recobro das energias. Todavia este está cheio de nuvens negras. Por cá ninguém se entende e a “troika” só vem com os milhões lá para o Outono. Mas parece que só deixará os milhões se os nossos “maiores” mandarem para a desgraça mais umas dezenas de milhar de desprotegidos e para a desesperança uma nação inteira, lançando para o Limbo os princípios e regras da democracia.
Claro que os nossos
políticos não aceitam qualquer atropelo aos direitos das gentes portuguesas,
mas como o dinheiro lhes faltará na “manjedoura” a breve prazo, já se fala por
aí em suspensão da democracia, como a quis, fatalmente, ensaiar D. Carlos,
pretendendo o Presidente da República um “arranjo” ao arrepio do que está
arranjado no Parlamento por vontade do povo.
Este triste enleio
levou-me ao Teatro Nacional de S. João, que os do Porto ergueram para festejar
João VI e por onde andou o pincel do, por mim admirado, Acácio Lino de
Amarante, no dealbar do séc. XX, depois do incêndio.
Subia à cena “A
Visita da Velha Senhora”, de Dürrenmatt, que eu li nos meus 18 anos, quando
Marcelo Caetano ensaiava a sua primavera e nos veio o melhor do teatro europeu –
Brecht, Anouilh, Beckett, etc..
Lembrava-me bem do
enredo: uma cidadezinha falida, uma velha senhora, riquíssima filha da terra, e a
promessa de um milhão se matassem o merceeiro. Toda a gente repudiou o negócio,
mas ninguém deixou de ir gastando por conta do milhão que aí viria.
A peça tem encenação
de Nuno Cardoso que, em cena, foi deixando correr a velha história: ninguém
aceitava o hediondo crime, mas como toda a gente já vinha a viver “à grande e à
francesa” por conta dos dinheiros prometidos, outro jeito não houve se não o de
alargar as consciências e perpetrar o crime exigido, como quem cumpre uma
obrigação devida à comunidade.
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