domingo, 12 de janeiro de 2014

ACÁCIAS NO MONTE DE SANTA LUZIA



O meu avô tinha-as circunscritas a determinado canto do pinhal, já que precisava delas para cabos das alfaias e suportes mais exigentes e para as fogueiras das noites mais longas do inverno. Não era fácil impedir que se multiplicassem pelo pinhal fora, já que saíam ramos das próprias raízes que se espalhavam pelos espaços livres, criando uma mancha à volta do núcleo inicial, cujo crescimento só à força de picão e machado era  contrariado.
As mimosas na minha terra eram uma força da natureza. A mim aqueciam-me a alma nos dias cinzentos de Janeiro. O esplendor das suas flores amarelas anunciavam-me o renascimento da terra que o Sol mal alumiava, embora o crescimento dos dias já se anunciasse. Com elas sente-se o milagre da vida e isso é bom.
Por isso não admira que a acácia-mimosa seja o símbolo do renascimento para uma nova vida pois que renasce com o Sol, como Osíris renascia no seu filho Hórus ou Deus-Pai em Jesus.
Esta capacidade de se espalhar como uma doutrina, o facto de ser a primeira planta a mostrar a renovação através das suas flores, a semelhança do seu aspecto florido com o próprio sol, a sua incorruptibilidade, fazem desta planta o símbolo de todos os renascimentos e de todas as iniciações, estando presente nas coisas divinas desde a antiguidade.
Os pedaços de Osíris, que Isis recolheu, foram guardados numa tumba de acácia. Era de acácia a madeira que Moisés utilizou na Arca da Aliança. Os seus ramos floridos lembram o “Ramo Dourado” dos antigos mistérios. 

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