O meu avô tinha-as circunscritas a determinado
canto do pinhal, já que precisava delas para cabos das alfaias e suportes
mais exigentes e para as fogueiras das noites mais longas do inverno. Não era
fácil impedir que se multiplicassem pelo pinhal fora, já que saíam ramos das
próprias raízes que se espalhavam pelos espaços livres, criando uma mancha à
volta do núcleo inicial, cujo crescimento só à força de picão e machado era contrariado.
As mimosas na minha terra eram uma força da
natureza. A mim aqueciam-me a alma nos dias cinzentos de Janeiro. O esplendor
das suas flores amarelas anunciavam-me o renascimento da terra que o Sol mal
alumiava, embora o crescimento dos dias já se anunciasse. Com elas sente-se
o milagre da vida e isso é bom.
Por isso não admira que a acácia-mimosa seja o
símbolo do renascimento para uma nova vida pois que renasce com o Sol, como
Osíris renascia no seu filho Hórus ou Deus-Pai em Jesus.
Esta capacidade de se espalhar como uma doutrina,
o facto de ser a primeira planta a mostrar a renovação através das suas flores,
a semelhança do seu aspecto florido com o próprio sol, a sua incorruptibilidade, fazem desta planta o símbolo de todos os renascimentos e de todas as iniciações, estando presente nas coisas divinas desde a antiguidade.
Os pedaços de Osíris, que Isis recolheu, foram
guardados numa tumba de acácia. Era de acácia a madeira que Moisés utilizou na
Arca da Aliança. Os seus ramos floridos lembram o “Ramo Dourado” dos antigos
mistérios.
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